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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Invernei


 “Era um dia ensolarado e incomum pra um inverno. Tudo parecia sorrir, parecia verão, as pessoas estavam excessivamente felizes. Mas eu não estava. Mesmo com todo aquele calor, eu me sentia fria, por segurar em minhas mãos, as mãos frias e pesadas de um corpo abandonado pela vida. A frieza daquelas mãos me traziam dor. Doía tanto, que a dor me escorria pelos olhos como gotas de chuva durante a tempestade. Eram gotas pesadas de solidão. Solidão essa que chegou com a partida do sorriso que me fazia querer viver. Eu jamais veria aquele sorriso novamente. Sobraram suas mãos frias. Seus olhos abertos. E seu corpo pesado. 
A morte não é ruim pra quem morre. A morte é ruim pra quem vive. E eu não deixaria que a morte me fizesse mal. 
Levantei-me do sofá branco da sala branca e gélida do hospital. Tudo parecia frio. Abri as janelas. O sol invadiu o quarto. Eu deveria sentir calor? O vento quente atravessava meu copo como se nada ali existisse. E realmente não existia. Não mais. Abri meus braços, e mergulhei dentro da minha dor, dentro da minha falta sua. O vento ficou forte e abafado. Não conseguia respirar. Via o céu se afastando. Meu cabelo voando. Eu estava voando. Diretamente pra onde ela estava. Pro nada. Deixei-me cair. E nunca mais levantei.”

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